Catarina Vilela não deixa ninguém indiferente. Um autêntico exemplo, não só para muitos espetadores, mas também para os seus pupilos. Dentro de campo demonstra uma incrível vontade de vencer e uma determinação que poucos têm. Neste momento, Catarina Vilela ocupa o 105º lugar do ranking World Padel Tour e a 2ª posição do ranking da Federação Portuguesa de Padel.
O Vinte por Dez esteve “à conversa” com Catarina Vilela, à qual, desde já, deixamos o nosso profundo agradecimento pela participação, bem como desejamos o maior sucesso tanto a nível profissional como pessoal.
A grande entrevista a Catarina Vilela
Vinte por Dez: Olá Catarina, antes de mais, neste momento são poucas as pessoas que ainda não te conhecem, mas para quem ainda não sabe o teu percurso, o que lhe dirias?
Antes de mais obrigada por este convite e por te teres lembrado de mim.
O meu percurso desportivo vem desde muito nova, pois o meu avô foi jogador profissional de ténis e como sou muito ligada ao meu avô, desde os 3 anos que ando com ele para todo o lado e claro que foi desde essa idade que comecei a jogar. Passava todo o meu tempo livre no clube com ele e aos 7 anos iniciei a competição. Desde aí nunca mais deixei de competir. Representei a seleção regional e a nacional de ténis e cheguei a fazer uns bons resultados em sub-12 e sub-14 e também internacional.
Entrei na faculdade para tirar o curso de Ciências do Desporto e aí a competição terminou. Mas por curiosidade no meu último ano do curso, uma amiga minha desafiou-me a fazer um torneio de Padel 10.000, com ela, na categoria F2. Como gosto de desafios e gosto bastante de fazer coisas diferentes, fui fazer umas aulas e uns jogos. Desde aí nunca mais larguei este nosso desporto. A parte tática e a competição fizeram com que me apaixonasse por esta modalidade e o facto de ter uma componente social tão forte, fez com que este fosse o desporto certo para mim.
Vinte por Dez: Certamente houve uma altura em que soubeste que querias viver do Padel, quando se deu esse passo?
Inicialmente comecei por pura diversão e saúde, mas como sempre tive a competição dentro de mim, percebi que queria mais disto e foi quando em 2020 achei que devia investir mais em mim. Iniciei a parte física física e comecei a passar mais horas dentro do campo.
Tenho bastante sorte porque dou aulas na Quinta de Monserrate, que me consegue dar tudo o que preciso para evoluir e isso foi uma facilidade que tive. Estou muito agradecida.
Porém, como quero sempre mais e mais, quis apostar também no circuito WPT e depois APT. Foi aí que surgiram as maiores dificuldades, pois a nível de patrocínios ainda não estou totalmente confortável para ser 100% jogadora e faz com que tenha de dar aulas e ser treinadora ao mesmo tempo. É algo bastante desafiante conseguir coordenar as aulas, alunos e torneios, mas com bastante organização estou a conseguir fazer tudo.
Vinte por Dez: De que forma é que a tua família e as pessoas que te são próximas foram um alicerce nesta tua caminhada, não só como jogadora de Padel, mas também como treinadora? O apoio a ti, Catarina Vilela, foi sempre constante?
Digo sempre que sou das pessoas mais sortudas com a família e amigos que me calharam, pois a minha família sempre me apoiou em tudo. Deram-me todo o apoio que conseguiram e aprovam sempre as minhas escolhas, ainda por cima na área do desporto, onde todos têm um carinho muito grande.
Vinte por Dez: Quais foram os momentos mais marcantes na tua carreira até hoje?
A nível nacional foi sem dúvida a 17 de Outubro de 2021. O dia em que eu e a Kátia fomos campeãs nacionais. Foi a melhor surpresa de todas.
Do ponto de vista internacional foi o dia em que eu e a Pipa ganhamos o primeiro APT feminino. Fazer parte dessa história é muito bom.
Vinte por Dez: Tens alguma parceira com quem partilhaste as maiores conquistas e mais tempo na pista?
Sem dúvida que é a Kátia. É a que tenho melhor ligação, sabemos sempre o que se passa uma com a outra e como ajudar. Basicamente demos “match” (risos).
Vinte por Dez: Relativamente ao teu dia-a-dia, consegues contar-nos um pouco de quais são as tuas rotinas e atividades diárias?
Os meus dias são sempre muito iguais. Começo a dar aulas desde 09:00 até à hora de almoço. Posteriormente tenho o meu treino de Padel, a seguir o treino físico e depois volto a dar aulas. Só é diferente quando vou jogar WPT ou APT.
Vinte por Dez: Quais são os teus objetivos a médio/longo prazo?
Como treinadora quero que os meus alunos sejam cada vez melhores, que consigam cumprir com os seus objetivos e que tirem bons momentos dos meus treinos.
Como jogadora quero ser sempre melhor e estar sempre entre as melhores a nível nacional e internacional.
Vinte por Dez: Qual é a tua opinião relativamente ao prizemoney da categoria masculina ser tão diferente da categoria feminina? Concordas com esta discrepância?
Discordo totalmente, pois já vivemos num século bastante evoluído que já consegue perceber as diferenças fisiológicas entre um homem e uma mulher, bem como o que cada um consegue dar. Acho que ainda vamos ter uma grande luta, mas acredito que vamos conseguir a igualdade.
Vinte por Dez: O que achas que falta mudar em Portugal para se conseguir ser jogador profissional?
Acho que neste momento só nos falta tempo, pois estamos a lutar contra países que já tem muita história no desporto em geral e, por consequência, no Padel.
A federação e os clubes têm um papel muito importante. É preciso apostar em formação e eventos que coloquem Portugal nas bocas do mundo.
Vinte por Dez: Podes dar uma palavra a todos os que estão a começar na modalidade e que gostavam, um dia, de chegar ao nível de Catarina Vilela?
Penso que o segredo é ambição, dedicação e organização. Se conseguirmos juntar tudo já fica mais fácil, mas acima de tudo divertir a jogar Padel.
Relembramos ao leitor que além desta entrevista a Catarina Vilela, pode ler outras, de várias referências nacionais, na área dedicada ao efeito.