Henrique Barbosa é um jogador profissional de Padel, natural de Aveiro, que dispensa apresentações. Atualmente posiciona-se no 9º lugar do ranking português e tem como grande objetivo entrar nos 100 melhores do mundo! Um exemplo de determinação, trabalho, disciplina e claro, um grande talento. O Vinte por Dez teve o privilégio de conseguir algumas palavras desta referência do nosso desporto, ficando desde já o nosso especial agradecimento ao Henrique.
À Conversa Com Henrique Barbosa
Vinte por Dez: Como sabes, o crescimento do Padel amador tem sido incrível. Se te tivesses de apresentar a alguém que começou agora e que ainda não te conhece, o que lhe dirias?
Em 2015, ainda eu jogava futebol, os meus pais começaram a jogar Padel com amigos nos dois campos que havia em Aveiro. Naquela altura, eu só via futebol à frente, era a minha paixão e pensava nisso durante todo o dia. Já tinha experimentado Padel algumas vezes e tinha gostado, mas nada que se compare à minha paixão pelo futebol nesses tempos. No ínicio de 2016, criou-se um grupo de jogadores em Aveiro e havia uma certa competição saudável entre todos, isso já me despertou alguma atenção e comecei a jogar mais regularmente porque queria ser melhor que eles.
Ainda em 2016, em setembro, joguei o meu primeiro torneio federado (Campeonato Nacional) em nível 3 e perdi na segunda ronda. Só me aumentou a vontade e comecei a ter treinos.
Em 2017, larguei o futebol, comecei a ter treinos fora de Aveiro (tinha a sorte de o meu pai jogar e ia com ele) e sentia que estava a jogar muito melhor que há 1 ano atrás (pior era difícil). Fui vice-campeão nacional em sub-18 e convocado para representar a seleção nacional no Mundial de menores que se jogou em Málaga (Outubro). Posso dizer que esta semana do mundial foi a semana mais importante do meu percurso desportivo até agora. O que senti nestes dia foi algo inexplicável, dizem que não há nada melhor que representar o teu país, e eu posso confirmar. Foi único.
2018 foi o ano que comecei a dedicar imensas horas diárias ao padel, não largava a raquete, sentia que estava com muitos anos de atraso. Todos os outros da minha idade já jogavam há mais tempo e todos vinham do ténis, via-se que tinham muita facilidade. Cheguei a treinar várias vezes às 6 da manhã, antes das aulas. Neste ano fui campeão nacional em sub-18 e entrei em nível 1 em Portugal embora não ganhasse muitos jogos.
No fim de 2019, estive 4 meses a treinar em Madrid e fui obrigado e voltar a Portugal em março de 2020 devido à pandemia. Os tempos da pandemia foram tempos muito difíceis para qualquer desportista, andávamos perdidos, sem objetivos, sem competir, fechados em casa e a perder tempo.
No ano passado consegui chegar ao top #8 nacional, e este ano estou em Madrid a treinar. Vou jogar o circuito mundial.
Henrique Barbosa em treino de captação – Seleção nacional
Vinter por Dez: Lembras-te de quando foi a primeira vez que jogaste Padel? Quais foram as sensações? Com quem foi? Pensaste logo que gostarias de te tornar um jogador profissional?
Sim, tinha 15 anos, joguei com o meu pai. Na altura, gostei, mas não via nada disto a acontecer. Queria ser futebolista na altura.
Vinte por Dez: Certamente, em algum momento da tua vida, tiveste de conciliar o Padel com os estudos. Como foi esse processo? E neste momento, ainda estudas? Ou foste “obrigado” a colocar a formação em standby tendo em conta as exigências dos treinos/torneios?
Os treinos e a minha paixão pelo padel, infelizmente, fizeram com que diminuísse bastante o rendimento na escola. Depois de acabar o secundário, coloquei a formação em “standby”. Mas tirar um curso superior é um dos meus grandes objetivos.
Vinte por Dez: Quais foram as tuas melhores conquistas a nível nacional? E internacional? Quem era(m) o(s) teu(s) parceiro(s) nesses momentos? O que sentiste e de que forma é que te motivaram para o futuro?
A nível nacional, entrar no #10 nacional foi um grande marco para mim, mas destaco a final de um torneio 10.000 em Sintra com o Pedro Perry ou ser campeão nacional em Juniores. A nível internacional, sem dúvida o campeonato do Mundo de Menores.
Henrique Barbosa com Peu Araújo, Campeões Nacionais em Juniores
Vinte por Dez: Passando para o presente, como é o teu dia-a-dia? Os horários dos treinos ocupam muito tempo? Tens algum ritual matinal? Há tempo para outras atividades de lazer? Quais?
Aqui em Madrid, acordo às 7h, tomo o pequeno almoço e gosto de tomar um banho de água fria, não existe melhor maneira de despertar. Tenho treino de Padel das 9h às 11h e depois treino fisico das 11h15 às 12h30. Tenho tempo para almoçar e dormir uma sesta antes do treino das 16h (Padel). Depois disto é difícil fazer certas atividades porque já estou com 5 horas de treino e estou bastante cansado. Aqui em Madrid vivo com o Peu e com a Sofia Araújo e às vezes vamos visitar/jantar ao centro de Madrid com o nosso grupo de portugueses que vive em Villanueva de la Cañada (Fazendeiro, Pedro Graça, Patricia Ribeiro e o Tiago Marques).
Henrique Barbosa com Di Nenno, Paquito, Dany Ambrossi e Rodri Ovide
Vinte por Dez: Neste momento és o número 9 do ranking português. Tens algum plano traçado para “assaltar” o primeiro lugar do ranking? Ou tens pensado deixar, de certa forma, a competição nacional para te dedicares a voos à escala mundial?
O plano é sempre o mesmo: Treinar todos os dias, saber ouvir, dar o máximo e recuperar bem. Ser #1 nacional é um grande objetivo, mas até lá chegar tenho que passar e ganhar a jogadores muito bons em Portugal. É uma grande caminhada e o circuito está cada vez mais competitivo.
Henrique Barbosa a treinar em Madrid
Vinte por Dez: Qual é o teu objetivo profissional a médio/longo prazo? Tens algum “Plano B” ou ainda não pensaste nisso? Alguma vez pensaste em ser treinador de Padel?
O meu objetivo a médio/longo prazo é entrar no #100 mundial, embora seja algo muito difícil de conseguir ainda este ano. Mas até lá, é trabalhar e depois traçar novos objetivos.
Henrique Barbosa em treino físico
Vinte por Dez: O que pensas que falta mudar em Portugal para o Padel se tornar mais profissional? Achas que a médio prazo podemos estar a competir com, por exemplo, os espanhóis?
Portugal tem tudo para ser uma grande potência mundial. Penso que falta investir mais nos jovens, mas seguramente é algo que acontecerá com o tempo, neste momento nem todas as pessoas têm a possibilidade de apostar numa carreira de padel. O passo seguinte seria investir em academias de competição.
Agora, em jeito mais descontraído, algumas perguntas de resposta rápida:
P: Qual é o teu gesto técnico preferido?
Vólei de esquerda.
P: Qual é o teu jogador WPT preferido?
Martin Di Nenno sem dúvida.
P: Preferes treinar de manhã, à tarde, à noite, ou é indiferente?
De manhã, mas gosto de treinar à noite também.
P: Em média, quantas vezes por semana fazes trabalho de ginásio?
5 vezes por semana.
P: Qual foi o número de horas seguidas que jogaste/treinaste Padel?
Quando estudava, queria aproveitar ao máximo estar num campo de padel, cheguei a estar 5/6 horas a jogar.
P: Qual é o clube de Padel que mais gostaste até hoje?
O novo “Aveiro Padel Indoor”.
P: Em torneio, quantas partidas já fizeste no mesmo dia?
No máximo, três.
P: Se tivesses de desafiar um jogador de Padel português para uma entrevista deste género, quem seria?
O meu irmão Vasco Barbosa ou o Gus Nunes.
Vinte por Dez: Para finalizar, que conselhos podes dar aos jovens/adolescentes que estão a começar e que sonham chegar ao topo?
Estabelecer objetivos, trabalhar muito e sobretudo: divertirem-se.
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Ótima entrevista, cativante, direta, sucinta e não descuidou os pontos que os leitores com certeza estavam mais curiosos!
Continuem o bom trabalho!